O fenômeno da criação de novas cidades ao redor do mundo parece ganhar cada vez mais destaque na busca por amenizar os efeitos das mudanças climáticas, conter migrações massivas de população e fuga de intelectuais, ou melhorar a qualidade de vida oferecida por algumas cidades e que tem se tornando mais evidente após os períodos de confinamento produzidos pela pandemia, entre muitos outros motivos. Os urbanistas e profissionais da arquitetura, engenharia e outras disciplinas enfrentam, sem dúvida, grandes desafios onde vale a pena perguntar se devemos concentrar todos os nossos esforços na criação de novos centros urbanos ou antes focar a nossa atenção na melhoria das condições e na resolução dos problemas que já existem?
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A cargo do estúdio internacional de planejamento urbano Gómez Platero, apresenta-se o projeto +Colonia, cujo objetivo é propor uma expansão natural da histórica cidade portuária uruguaia de Colonia del Sacramento em direção aos terrenos localizados um quilômetro a leste do porto. O governo uruguaio já aprovou o início da construção desta cidade, que visa construir casas para 30.000 pessoas, gerando 6.000 novos empregos na economia do conhecimento e 2.000 na área de construção e serviços.
Trata-se de um terreno com aproximadamente 515 hectares que consolida uma frente de 7 km de costa natural no Río de la Plata com areias brancas, duas pedreiras e uma lagoa, e está localizado a apenas 40 minutos de Buenos Aires e quase duas horas de Montevidéu.
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A ser desenvolvida em um período de 10 anos, a nova cidade forma uma plataforma de desenvolvimento com experiências de programas mistos e flexíveis buscando ampliar a matriz produtiva de Colônia e também criar uma comunidade aberta que gere uma nova relação entre a natureza e a cidade a partir da sustentabilidade ambiental, das energias renováveis e do respeito pela paisagem. Essa integração ocorre de uma ponta à outra da propriedade, passando da parte mais urbana a oeste e próxima da cidade consolidada para a mais natural ao leste.
O desenho urbano propõe uma estrutura celular policêntrica de natureza alveolar em diferentes escalas para multiplicar as frentes de cada núcleo. A paisagem natural se infiltra nessa estrutura e suas unidades urbanas, conectadas pela natureza, se adaptam às características geográficas do local e são programadas de acordo com a demanda.
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Inspirada nos valores que prevalecem nas novas gerações como liberdade, diversidade, inclusão e respeito ao meio ambiente, a +Colonia estabelece dois eixos principais que perpassam o planejamento: a sustentabilidade e o uso da tecnologia. Procura ter diferentes redes, por um lado, para água potável e, por outro, para águas cinzas úteis para funções de irrigação, etc. Dessa forma, seria gerado um duplo impacto positivo tanto no uso quanto no consumo e purificação da água.
Em termos de mobilidade, será dada prioridade à promoção do trânsito pedonal em caminhos verdes e à utilização de bicicletas comunitárias e skates elétricos. Os diferentes centros urbanos estão rodeados de paisagem natural e, de acordo com a sua proximidade, poderão consolidar polígonos temáticos e programáticos para compartilhar entre si. A principal rede de infraestrutura viária conecta os centros urbanos. Serão consolidados dois sistemas de espaços públicos intercalados entre si: um de parques naturais e outro de vias urbanas. Vale ressaltar que o desenvolvimento de cada núcleo exigirá uma rede viária secundária pública de acordo com seu programa.
A ideia é construir uma rede de espaços naturais públicos que consolide um novo sistema de parques intersticiais, reconhecendo e valorizando as paisagens mediterrâneas e preservando o habitat e os ecossistemas naturais. Incluindo circuitos para esportes, instalações de reciclagem, internet para operação de tecnologia nas residências, eficiência de recursos e gastos, entre outras vantagens, buscando envolver a comunidade em seu desenvolvimento.
A participação cidadã é uma das premissas do projeto, que é promovida por meio da tecnologia blockchain a fim de criar tomadas de decisões democráticas e descentralizadas, onde seus habitantes podem ajudar a definir questões como, por exemplo, o melhor uso de um espaço público, etc. Assim, +Colônia é concebida como uma cidade co-criada por quem a habitará, ajudando a consolidar uma vida cultural ao seu redor.
Em suma, mais de 50% do lote será destinado a parques, pântanos e litoral público, enquanto entre 20 e 30% adicionais da área desenvolvível será destinada à rede rodoviária pública, primária e secundária. Buscando integrar-se à área urbana existente, o projeto é composto por lojas, comércios, escolas, centros médicos, espaços verdes e empresas, que buscarão justamente atrair novos moradores, principalmente os mais jovens, das cidades de Montevidéu, Buenos Aires, entre outros da região. Espera-se que seus primeiros habitantes se estabeleçam até 2023, mas como fazer com que as pessoas escolham se estabelecer em uma nova cidade? Que estratégias poderiam ser implantadas para alcançar um sentimento de pertencimento?
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Embora durante o processo de revisão do projeto tenham sido levantadas preocupações sobre o impacto ambiental que uma urbanização com estas características iria gerar onde hoje existem muitas espécies arbóreas, são criadas várias políticas sustentáveis com o acompanhamento da Direção Nacional de Qualidade e Avaliação Ambiental do Uruguai (Dinacea). A área é dividida em setores de acordo com as etapas de crescimento e consolidação do projeto. A etapa inicial concentra-se no desenho do plano diretor de 200 hectares, localizado no limite oeste da propriedade, entre a cidade consolidada e a estrada para a praia de El Calabrés. Existem duas etapas definidas pelo traçado do córrego La Caballada, sendo a primeira em conexão com a cidade existente e a segunda ao leste do córrego.
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